Por Pe Panayiotis Papageorgiou,
Meu encontro com São Paisios, o Atonita, em 1986
Considero uma grande bênção poder estar na presença deste humilde gigante da nossa fé. Este foi um momento decisivo para mim, enquanto eu procurava maneiras de ancorar minha fé em Cristo. O Ancião Paisios permaneceu como um farol, como uma luz do amor de Cristo, Sua humildade e sacrifício.
O Ancião Paisios foi dotado com o dom espiritual de discernimento e pôde ler as almas daqueles que encontrou. Ele mostrou grande compaixão pelas pessoas que vieram até ele de toda a Grécia e, eventualmente, de todo o mundo. As pessoas descarregaram seus problemas a seus pés. Ele orava, guiava e confortava, e eles iam embora cheios de alegria, iluminados por suas palavras.
O Ancião Paisios vivia na terra, mas para ele o céu estava sempre aberto. A diferença entre os dois era apenas uma porta, que algumas vezes se abria ao Céu, para que ele pudesse participar da graça divina, e às vezes se abria a este mundo. para que pudesse ser visitado por Cristo e pelos santos. Em uma ocasião, quando ele atendeu a porta de sua cela, Theotokos entrou, seguida por São João Evangelista e Santa Euphemia. Santa Euphemia ficou com o ancião por horas, descrevendo-lhe seu martírio e ajudando-o a resolver os problemas sobre os quais ele estava orando.
O ancião orou por grupos específicos de pessoas em determinados momentos. Através de suas orações, milagres aconteciam e as pessoas voltavam para falar sobre eles. Em um caso, durante o tempo que ele estava orando por alguns viajantes, um menino de 9 anos estava atravessando a rua no sul da Grécia, sem saber que um caminhão enorme estava vindo em sua direção. Logo antes do momento do impacto, o menino foi pego por “este padre” que correu em sua ajuda, e, de repente, foi jogado para o outro lado da rua, salvando assim sua vida. Depois de aterrissar de pé, a criança olhou em volta, mas o padre havia desaparecido. O pai da criança embarcou em uma busca para encontrar o padre que salvou a vida de seu filho, desejando agradecer-lhe. A busca finalmente os levou para a cela do velho Paisios, no Monte Athos. Quando a criança viu o santo, ele gritou: "papai, este é o sacerdote que salvou a minha vida ”. Eles explicaram o acontecimento ao ancião e ele pôde verificar que, na verdade, ele estava orando naquele tempo pelos viajantes, mas ele nunca esteve lá pessoalmente em carne e osso! O Espírito Santo agiu em seu favor para salvar aquela criança, revelando também a santidade do santo e como a graça de Deus é derramada através de suas intercessões.
Em outro caso, um jovem que professava ser ateu, mas estava cheio de curiosidade sobre coisas espirituais, visitou o santo em sua cela no Monte Athos e confessou a ele sua preocupação com o pai que estava morrendo de câncer. O ancião disse: “Eu irei visitá-lo”. O jovem ficou surpreso ao ouvir isso, mas não disse nada. Ele voltou para casa e foi passar o tempo com o pai no hospital. Seu pai estava agora em coma e sua morte era iminente. Naquela noite, o jovem ficou ao lado de seu pai e adormeceu no quarto do hospital. No meio da noite, ele acordou com a voz de seu pai, que saíra do coma, e estava o chamando. Seu pai estava pedindo para ver um padre para confissão! Ele explicou a seu filho que um monge tinha vindo até ele e disse que ele estava morrendo e precisava ter Confissão. A descrição do monge ajusta-se ao perfil do Ancião Paísios (embora o ancião não tenha saído da Montanha Sagrada). O jovem trouxe um padre, que ofereceu a seu pai a Confissão e a Santa Comunhão. Seu pai faleceu naquele dia, limpo através dos Santos Sacramentos.
Eu tive a bênção de conhecer e conversar com o santo Paisios em 1986, durante minha primeira visita ao Monte Athos. Ele estava em seu “quarto de hóspedes ao ar livre”, sentado à sombra em troncos de árvores com seus visitantes, discutindo questões sobre o Anticristo e o fim dos tempos. Um dos convidados, um jovem sacerdote, perguntava com ansiedade sobre a marca da besta (o 666) e perguntava-se o que os cristãos poderiam fazer se isso fosse imposto a eles. O ancião, com calma, mas severamente respondeu: “Pai, mesmo que eles marcassem nosso corpo com o 666, eles podem tocar nosso coração? Se dermos nosso coração a Cristo, ninguém pode nos prejudicar espiritualmente, mesmo que eles coloquem a marca da besta em nossos corpos ”.
Nós nos alinhamos, e o ancião nos recebeu em particular para ouvir nossas preocupações e nos aconselhar. Seu semblante irradiava paz e alegria. Seu discurso foi cheio de amor e compaixão. Este foi um dia notável em minha vida, que me deu segurança em meu caminho para o santo sacerdócio e o serviço do Senhor e Sua Igreja.
Há muitas histórias de milagres relacionados a esse santo dos nossos tempos. Mas o ancião nos deixou também com muita sabedoria sagrada e uma abordagem amorosa à condição caída humana, algo que o diferencia em um mundo de legalismo e julgamento.
Ele passou para o Reino de Deus em 12 de julho de 1994. Ele morreu de câncer aos 70 anos de idade.
O Ancião Paisios da Montanha Sagrada foi canonizado pelo Santo Sínodo do Patriarcado Ecumênico na terça-feira, 13 de janeiro de 2015.
Sua memória é comemorada em 12 de julho.
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